“Autônomo, Independente, Horizontal...”
A Reemergência Das Lutas Autônomas No Brasil
Resumo
As palavras não são isentas de sentido político. Há que se distinguir entre palavras simples, que expressam conteúdos simples e palavras complexas, que expressam conteúdos complexos. Por exemplo, o termo “cadeira”. Ninguém coloca em xeque o objeto que esta palavra expressa. Pode-se levantar dúvidas sobre o tipo de cadeira: se de metal, madeira, se confortável, se bonita etc. Mas cadeira é cadeira. Algo diverso se passa com a palavra “ideologia”, por exemplo. H| um conjunto de definições possíveis, de usos políticos possíveis. Para os positivistas clássicos, tinha o sentido de saber maculado por juízos de valor, para alguns anarquistas contemporâneos, significa uma forma de conhecimento, que expressa determinados valores, bem como práticas políticas. Para os marxistas, ideologia é falsa consciência sistematizada. Para o chamado “senso comum”, seria um conjunto de ideias etc. Vê-se com facilidade que “cadeira” é uma palavra simples e que “ideologia” é uma palavra complexa. Este debate é perfeitamente cabível aos termos autônomo, independente, horizontal... As reticências servem a nós para demonstrar que há outras expressões que aparecerão ao longo do texto. Estas são palavras complexas, que expressam conteúdos complexos e são objeto de disputa política por grupos, movimentos e classes sociais. O que significam cada uma destas palavras, ou melhor, destes conceitos, no contexto das lutas sociais contemporâneas no Brasil? Por que adquiriram a importância que tem hoje nas lutas sociais, sobretudo após as Jornadas de Junho de 2013? O que cada um destes termos e eles em seu conjunto significam e a que termos (e conteúdos) eles se opõem?
Referências
ARVON, H. A Revolta de Kronstadt. São Paulo: Brasiliense, 1994.
______. La Autogesion. Mexico, DF. Fondo de Cultura Econômica, 1982.
AUTHIER, D. Para a história do movimento comunista na Alemanha de 1918 1921. In:
______ (org.). A esquerda alemã (1918-1921). Porto: Afrontamento, 1975.
BRAGA, L. A classe em farrapos: acumulação integral e expansão do
lumpemproletariado. São Carlos: Pedro & João, 2013.
BRINTON, M. Os Bolcheviques e o Controle Operário. Porto: Afrontamento, 1975.
BRITO, J. C. A. A tomada da Ford: o nascimento de um sindicato livre. Petrópolis: Vozes,
FERREIRO, R. La Lucha de Classes en Argentina: Entre la Revolución Proletária y la
Recuperación Burguesa. Florianópolis: Barba Ruiva, 2007.
GUILERM, A. & BOURDET, Y. Autogestão: uma mudança radical. Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1976.
IBRAHIM, J. Comissões de fábrica. São Paulo: Global, 1986.
JENSEN, Karl. A luta Operária e os Limites do Autonomismo. Revista Ruptura. Ano 8,
número 7, agosto de 2001. Goiânia, Movimento Autogestionário, 2001.
KOSIK, K. Dialética do concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
LEFEBVRE, H. A vida cotidiana no mundo moderno. São Paulo: Ática, 1991.
LISSAGARAY, P-O. História da Comuna de 1871. São Paulo: Ensaio, 1991.
MAIA, L. As Jornadas de Junho de 2013 no Brasil. Revista Enfrentamento. Goiânia: ano 9,
N. 15, jan/jun. 2014.
______. Para além dos protestos. Revista Enfrentamento. Goiânia: ano 8, Edição Especial,
jul. 2013.
______. As classes sociais em O Capital. Pará de Minas: VirtualBooks, 2011.
MAILER, P. Portugal: a revolução impossível?. Porto: Afrontamento, 1978.
MARONI, A. A estratégia da recusa: análise das greves de maio/78. São Paulo: Brasiliense,
MARX, K. A Comuna de Paris. In: VIANA, N. (org.). Escritos revolucionários sobre a
Comuna de Paris. Rio de Janeiro: Rizoma, 2011.
______. Miséria da filosofia. Porto: Publicações Escorpião, 1976.
______. La guerra civil en Francia. Pikin, 1978.
______. O 18 Brumário e cartas a Kugelman. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.
MATTICK, P. Rebeldes y renegados: la función de los intelectuales y la crise del movimient
obrero. Barcelona: Icária, 1978.
______. Integração capitalista e ruptura operária. Porto: Afrontamento, 1977.
PANNEKOEK, A. Los Consejos Obreros. Madrid: Zero, 1977.
TRAGTENBERG, M. Reflexões Sobre o Socialismo. São Paulo: Moderna, 1986.
VIANA, N. Estado Democracia e Cidadania: a Dinâmica da Política Institucional no
Capitalismo. Rio de Janeiro: Achiamé, 2003a.
______. O Capitalismo na Era da Acumulação Integral. Aparecida, SP: Editora Santuário,
______. Universo psíquico e reprodução do capital. In: Psicanálise, capitalismo e
cotidiano. Goiânia: Edições germinal, 2002.
______. A dinâmica da violência juvenil. Rio de Janeiro: BookLink, 2004.
______. A teoria das classes sociais em Karl Marx. Florianópolis: Bookess, 2012.
VINÍCIUS, L. A guerra da tarifa. São Paulo: Faísca, 2005.
VITULLO, Gabriel Eduardo. Teorias da Democratização e Democracia na Argentina
Contemporânea. Porto Alegre: Editora Sulina, 2007.