O FASCISMO COTIDIANO
Palavras-chave:
Palav Fascismo; Direita; Leandro Konder; Vida Cotidiana, Indiferença.Resumo
Em meados da década de 1970, o filósofo marxista Leandro Konder publicou um pequeno livro intitulado Introdução ao fascismo. A obra teve algumas reedições e chega ao início do século 21 carregando um enorme desafio à reflexão, qual seja: para além da política de Estado, fortemente centralizadora e aguçadamente violenta, quais as outras fronteiras em que opera a mentalidade fascista? Num momento histórico de binarismos que obstruem o raciocínio e empobrecem a ação, o fascismo viceja nos modos de encarar a existência, tanto no plano subjetivo quanto, principalmente, na dimensão objetiva. Konder já afirmava que o que
torna o fascismo um oponente difícil de enfrentar é sua invisibilidade - seus adeptos o negam, seus desafetos não o percebem, o sujeito comum o ignora. Em face dessa indiferença, ele se fortalece em silêncio, corroendo modelos de educação familiar, escolar e públicos, em cujos variados espaços se dissemina como algo "natural" e "normal". O objetivo deste trabalho, pois, é investigar as tensas relações entre a herança social do fascismo (explicitada por Konder com maestria) e as condutas políticas dos atores contemporâneos, sobretudo nos espaços de opinião na imprensa e na vida cultural do país.