Pensar a Política
Resumo
Vivemos imersos na política. Estamos mergulhados no fluxo imutável e instável do falatório cotidiano sobre as chances e os méritos comparados de candidatos intercambiáveis. Não precisamos ler os colunistas do jornal diário ou semanal ou suas obras de “análise” que florescem na estação eleitoral e que irão se juntar aos estoques amarelados dos livreiros, alimento dos historiadores das ideias após uma breve passagem na lista dos best-sellers: seus autores nos oferecem, em todas as rádios e TVs, “ideias” que não são fáceis de receber porque já são “ideias recebidas”. Tudo pode ser dito e redito indefinidamente, pois que de fato nunca se disse nada. E nossos debatedores pagos que se encontram na hora certa para discutir a “estratégia de Raymond Barre”, a “imagem de
Chirac” ou os “silêncios de Mitterrand” dizem a verdade de todo o jogo quando exprimem a esperança de que seu interlocutor não estará de acordo, “para que possa haver um debate”. As intenções sobre a política, como as palavras no ar sobre a chuva e o bom tempo, são de essência volátil e esquecimento contínuo que evita a descoberta extraordinária da monotonia que permite o jogo continuar.