Crítica aos Fundamentos e à Prática da Filosofia Clínica
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Filosofia ClínicaAbstract
A proposta de atender clinicamente sujeitos a partir de construções teóricas oriundas da Filosofia não é tão contemporânea, fundamentando-se a partir do surgimento e desenvolvimento da própria clínica. Autores como os médicos Ludwig Binswanger (1881-1966) e Karl Jaspers (1883-1969) se aventuraram em desenvolver propostas clínicas a partir de teorias e métodos filosóficos, tais como os da Fenomenologia e do Existencialismo (ABBAGNANO, 2014). Mais recentemente surgiram outras propostas cujo objetivo era utilizar os conhecimentos da Filosofia para a resolução de problemas cotidianos. Entre elas constam as abordagens de Gerd Achenbach, Marc Sautet, Lou Marinoff e Lúcio Packter (PECHULA, 2007). Segundo Pechula (2007), Gerd Achenbauch teria sido o inaugurador dessa proposta, montando um consultório filosófico na Alemanha em 1981. A autora destaca que Marc Sautet abriu um consultório particular e orientava debates filosóficos no Café des Phares em Paris desde 1992, e que Lou Marinoff oferecia aconselhamento filosófico (além de outros trabalhos) desde o início da década de noventa em Nova York. Pechula (2007) ainda destaca que essas propostas inspiraram o filósofo brasileiro Lúcio Packter a criar o seu próprio método de aplicação do conhecimento filosófico ao cotidiano humano, nomeado por ele de “Filosofia Clínica”. Packter, segundo a autora, se sentia insatisfeito com os resultados da psiquiatria e da Psicanálise, e a partir dessas experiências pensou numa proposta para auxiliar as pessoas a lidarem com seus problemas cotidianos. E é a partir dessa proposta, a Filosofia Clínica e, particularmente, seus fundamentos, que esse trabalho se debruça. Tem como objetivo apresentar e discutir os fundamentos da abordagem criada por Packter, trazendo considerações críticas no que compete à sua prática. Em um primeiro momento, procurar-se-á apresentar descritivamente, a partir das obras de filósofos clínicos, os principais fundamentos e práticas da Filosofia Clínica. Em um segundo momento, procurar-se-á, desenvolver algumas considerações críticas sobre os fundamentos e a prática dessa abordagem, partindo das críticas já existentes de pesquisadores e complementando com outras originais.
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