O Comunismo Anarquista do Jornal Spártacus (1919 – 1920)
Resumen
Este artigo surgiu da necessidade de identificar na complexidade da imprensa operária e anarquista algumas diretrizes do pensamento libertário que serão difundidas no movimento operário da Primeira República do Brasil. A historiografia ainda não produziu obras que tratem exclusivamente das minúcias da imprensa operária, sobretudo anarquista, deixando assim, um lócus a ser preenchido por novas pesquisas que tratem do assunto. Assim, compreendemos que ocorreu, e ainda ocorre, uma disputa no campo da memória do movimento operário brasileiro que, com objetivos diversos, deturpou o papel da imprensa anarquista, simplificando-a e elevando disparidades no seu interior para exaltar determinadas estratégias em detrimento de outras. Assim, têm-se como objetivos: primeiramente, de apreender as concepções assumidas pelo jornal Spártacus, semanário sediado na cidade do Rio de Janeiro que circulou de 2 de agosto de 1919 a 10 de janeiro de 1920 publicando um total de 24 números; segundo, instigar pesquisadores preocupados em estudar um período frutífero e de grande complexidade da história do Brasil republicano sobre as questões internas do anarquismo no que tange a sua organicidade; por último, compreender que a história dominante é fruto de uma relação histórica de dominação entre os movimentos revolucionários, como por exemplo, a sólida fronteira entre o “dizível e o indizível” da ditadura vermelha bolchevista no campo da memória.
Citas
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